Minha Janela

Algumas vezes me sinto uma múmia, completamente enrolada na minha própria história. Sem muita expectativa do futuro e com nenhuma visão de melhora. Muitas dessas vezes fico atrofiada na minha casa, no meu quarto, na minha cama, pensando como poderia ser tudo diferente.

Nesses dias ou eu estou dormindo ou estou chorando, mas a minha situação não faz com que o mundo pare de rodar e as coisas continuam acontecendo e eu continuo perdendo momentos da minha vida no nada.

Como tudo continua como deveria estar, de vez em quando um pouquinho da luz do sol entra pela fresta da janela do meu quarto... aí penso: ah nem... sol...

Dia desses resolvi reagir ao sol que continua a bater insistentemente na janela do meu quarto. Foi então que me lembrei que o caminho é um só e que não havia motivo para esperar a hora certa de começar a mudar o mundo.

Deixando de lado a possibilidade de que tudo pode dar errado, tomei coragem e comecei pelo começo: Arrumei o meu quarto!

Erros

Não pedi para acertar sempre. Só não quero que cometa sempre os mesmos erros.

Pode errar desde que esse erro seja uma tentativa de acerto e não uma ausência de tentativa. Erre tentando e não por ter optado pelo não tentar. Erre demonstrando algo e não a ausência de sentimentos. Erre porque fez alguma coisa e não porque se calou, se fechou ou porque se absteve diante dos fatos. Erre para mais e nunca para menos. Erre mostrando quem você é. Erre por tentar fazer diferente. Erre acreditando que pode fazer melhor. Erre, mas tenha argumentos para justificar seus erros.

Deus nos permite os erros para nos preparar para os acertos. Não existe aprendizado sem erros. Seu erro pode, inclusive, ser fonte de virtudes, porém nenhum ser humano pode ser verdadeiramente grande sem ser capaz de reconhecer os seus erros.

Pare de se esconder atrás dos seus erros, eles não são maiores que você. Assuma a vida que você escolheu sem fugir das responsabilidades que ela lhe traz. Pare de lamentar e faça algo certo.

Sei que não acredita e posso até não conseguir mudar minha vida mas eu estou tentando. Por que não começa a tentar mudar a sua também?

E quer saber?!? Desta vez você não erraria no presente (queria tudo aquilo) mas tem errado em não estar presente de verdade. Seu corpo parece estar sempre lá esperando a morte mas você nunca está realmente por perto. Você está sempre escondido nas suas lamentações de não ser ninguém e esquece que precisamos que seja você.

Não dá

Não dá para ser refém por opção. Não dá para deixar de sair porque isso pode lhe causar o incômodo de encontrar quem você não quer mais ver. Não dá para fingir que nada aconteceu. Não dá para se prejudicar por quem não vale nem o lixo que produz. Não dá para descontar na sua vida o ódio que sente pelos outros. Não dá para parar o mundo e pedir para descer. Não dá para correr atrás do que está atrás da gente. Não dá para chorar toda vez que o corpo produz lágrimas. Não dá para continuar a engordar quando se precisa emagrecer. Não dá para bagunçar o que já está fora do lugar. Não dá para gastar o que não se tem. Não dá para viver morto. Não dá para morrer vivo. Não dá para passar todas as noites sem dormir. Não dá para deixar para trás tudo que é importante para nós. Não dá para pisar descalço no fogo. Não dá para entrar no fogo por vontade própria. Não dá para viver sem sonhos realizáveis. Não dá para sofrer, chorar, brigar,desesperar, pirar, cansar, rezar e não mudar. Não dá para fugir toda vez que algo dá errado. Não dá mais. Cansei.

Amanhã é 23

Me atrevo a pensar que poderia ter sido diferente, mas não pagaria para ver certas mudanças acontecerem.

O tempo vai passando e, como dizem, o amadurecimento gera o presente... ou traz presentes...

Quem antes era indispensável, hoje não faz mais falta, o que era essencial não deixou nem saudade.

Difícil se adaptar. Há aqueles que nunca se adaptarão. (Espero não estar nesse bloco.)

Em meio a tanta hipocrisia alguns insistem em divulgar fatos e propagar ideias que nunca passaram de mentiras sem fundamento. Cada macaco no seu galho...

Depois de mais um ano ou menos um ano de vida (tudo depende do ponto de vista) aqui estou novamente me perguntando: e agora?

Corro disso tudo ou corro com isso tudo? A palavra chave é Pegar ou Largar?

Não quero ser fantasma de ninguém nem vampiro de mim mesma.

- Feche os olhos e volte a sonhar, querida, foi só um pesadelo.

Estrelando Eu Mesma

Já falei várias vezes sobre como seria bom se minha vida fosse um filme (claro que quando digo filme, estou me referindo a comédias românticas). Hoje resolvi escrever como seria esse filme...

Primeira cena: Em um dia comum, eu levo uma vida comum, numa rotina comum... depois de um dia normal me revolto de ser uma pessoa totalmente comum e fico me perguntando quando é que fiz alguma coisa interessante na minha vida. A resposta, obviamente, é nunca.

Segunda cena: Revoltada com a vida medíocre que levo, resolvo mudar completamente o rumo da minha história. Faço as malas e viajo para algum lugar desconhecido que sempre quis conhecer. (Como isso é um filme, não importa se é segunda ou sexta feira, se tenho dinheiro ou não, se tenho um emprego, ou se alguém vai sentir a minha falta.)

Terceira cena: Chegando lá percebo que estou no paraíso. Tudo é bonito e agradável... as pessoas, o clima, o lugar... Me hospedo em uma pousada simples e aconchegante com recepcionistas educados e uma linda vista da janela do meu quarto.

Quarta cena: Depois de uns três dias nesse paraíso alguém curiosamente me oferece um emprego. Vou ganhar bem, trabalhar pouco e fazer o que eu gosto. Não terei que levantar cedo (porque eu odeio levantar cedo) nem vou me cansar. A vida é simplesmente maravilhosa!

Quinta cena: Meu primeiro dia de trabalho é perfeito. A empresa é perfeita, os colegas de trabalho idem... minha vida é perfeitamente feliz.

Sexta cena: Ainda na minha primeira semana no paraíso conheço um cara lindo e maravilhoso, alto e sarado, rico e simpático, um pouco encrenquinha e debochado que (vocês não vão acreditar!) se apaixona por mim... Nossa! Incrível... mas eu sou uma pessoa muito difícil... então, ele não tem chance comigo, pelo menos, não agora.

Sétima cena: Já tenho minha própria casa, linda e localizada em um ótimo ponto da cidade. Chego do trabalho e ligo o som... a música que está tocando me faz pensar que poderia ter dado uma chance para o príncipe da cena anterior. Vou dormir pensando nisso.

Oitava cena: É final de semana e eu resolvo sair para passear. Estou andando pelas ruas distraída, tomando sorvete e fazendo compras. (Ah... ainda não contei que depois que fui morar no paraíso virei uma diva... isso mesmo, cabelo impecável, magra, bronzeada, dentes brancos... um arraso!) Durante meu passeio encontro coincidentemente o cara perfeito que me convida para sair mais tarde.

Ok. Eu também já me cansei do meu filme, a começar da parte que ele é totalmente fantasioso.

Não vou continuar a escrever porque a sequência dos fatos nas comédias românticas é sempre a mesma: tudo normal, tudo péssimo, tudo perfeito, tudo indo bem, alguma coisa dá errado (íamos entrar nessa parte logo, logo), tudo fica chato, alguma coisa incrível acontece, e todos vivem felizes para sempre.

Vou parar de escrever por um simples motivo: não me iludir... mas pensando bem... não seria tão má ideia assim... até porque já escolhi o ator que vai ser o meu par:

- Oi Jude! Você tá livre essa noite?

Fragmentos

Chuva na janela, fome na cozinha e frio na cama.

Cada pedaço dessa ausência me chama.

Não é tristeza nem alegria nem amor.

É só uma falta imensa, uma dor.

Tem cheiro de cigarro, medo de raio e fobia de elevador.

Anda sempre cansado, desesperado, sem valor.

Não tem voz nem lembrança.

Se esqueceu até daquela dança.

Mais a frente ele se encontra.

Sempre desconfiado e sem muita esperança.

Não sabe conversar.

Se defende mesmo sem precisar.

Vão embora então.

Todos vocês.

Ninguém precisa do não, do chão do vão.

Procurem outro freguês.

A luz já está para clarear.

O sol vai esquentar.